Lembrei de um episódio que ocorreu comigo durante minha estada na casa
de uma das famílias que me recebeu para o trabalho de campo. Nessa estada, como
já disse antes, participei diretamente do trabalho na cozinha. Certo dia,
comentei com Dona Sebastiana sobre um dos pratos que havia aprendido a preparar
recentemente: panquecas recheadas de carne moída guarnecida por molho de
tomate. “Para experimentar uma comida diferente”, Dona Sebastiana pediu-me que
no almoço do dia seguinte eu o preparasse para toda a família.
Os ingredientes - a carne moída, farinha de trigo, leite, ovos,
queijo, tomates, cebola e alho - já faziam parte do cardápio diário da família
e estavam disponíveis na dispensa da casa. Notei também que em sua horta, havia
muitos pés de manjericão e como costumo utilizá-lo nos pratos a base de massa e
tomate, resolvi espalhar suas folhas sobre as panquecas antes de lavá-las ao
forno. Na hora em que sentamos para almoçar, a filha de Dona Sebastiana ao
colocar na boca a primeira garfada, engasgou e saiu para o terreiro para cuspir
a comida. Seu pai perguntou o quê eram aquelas folhas verdes que eu havia
colocado no prato. Dona Sebastiana parecia tentar saborear a comida, mas me
perguntou porque havia colocado “remédio” nas panquecas. Sua filha retornou à
mesa e retirou as panquecas de seu prato, pediu desculpas por não ter gostado e
disse-me que nunca havia visto “essa
erva” ser usada na comida e que era usada apenas para fazer
ungüentos na extração de pus em inflamações subcutâneas. Por fim, pedi mil
desculpas e expliquei que o uso que conheço e faço é o de aromatizar a comida
preparada à base de tomate. Para consertar o equívoco, pedi licença, levei o tabuleiro
para a beira do fogão, retirei todas as folhas de manjericão e preparei outro
molho de tomate, derramei-o em cima das panquecas e recoloquei-as no forno por
alguns minutos. Voltei com as panquecas para a mesa, mas a filha e o marido de
Dona Sebastiana não quiseram mais comê-las, experimentaram e lamentaram o forte
gosto do “remédio” que ainda permanecia na comida.
Patrícia! Parabéns pelo blog. E que história boa. A mesma reação que vi no sertão da Bahia, onde manjericão é remédio ou erva de banho de criança.
ResponderExcluirUm abraço,n