“Em termos nutricionais nada nos
impede de comermos a sobremesa, ou beber o cafezinho como princípio do almoço;
assim como nada nos impede a prática da entomofagia (comer insetos), como o
fazem certos povos orientais, africanos ou mesmo ameríndios brasileiros. As
proteínas desta fonte alimentar, inclusive, são reconhecidas como de melhor
assimilação do que a carne. Contudo, a degustação do inseto não nos apetece. Qual
é a diferença entre se deliciar com camarões ou grilos fritos? Os odores de
certos alimentos tanto podem provocar a salivação apetitosa quanto a repulsa,
como é o caso de certas conservas ou tipos de queijos. As moléculas odorantes,
percebidas pelas células olfativas são idênticas, mas a significação da
experiência da realidade é diversa. Assim também, insere-se na dimensão da
ordenação do mundo e classificação cultural o “lugar” da comida, ou seja, em
que contextos ela apresenta-se como alimento, ou como sujeira.” Rogéria Dutra.
Antropóloga que estuda alimentação.
Dutra, Rogéria Campos de
Almeida
Família e redes sociais:
um estudo sobre as práticas e estilos
alimentares no meio
urbano/ Rogéria Campos de Almeida
Dutra - Rio de Janeiro:
UFRJ/ MN, 2007.
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